Terminado o primeiro turno, cabe fazer um balanço de seus resultados e das possibilidades que se mostram diante de nós.
É lamentável perceber que, após tantos anos de redemocratização, as eleições ainda sofram reviravoltas em função de jogo sujo, baixarias, boatos e calúnias. Na última semana de campanha, o mundo real e o mundo virtual sofreram uma inundação de boatos e informações distorcidas e manipuladas, dando conta de que Dilma era a favor do aborto, do casamento gay, era sapatão e, suprema blasfêmia, teria dito que nem Cristo tiraria a vitória dela. É só fazer uma rápida pesquisa no Google para encontrar dezenas de vídeos com títulos que fazem alusão a tal afirmação, mas, surpresa, nenhunzinho sequer traz qualquer prova ou indício de que ela tenha realmente afirmado isto. Aliás, só alguém muito estúpido diria tal bobagem, mesmo que acreditasse piamente nisto (notem o paradoxo).
A campanha suja disseminada pelo submundo surtiu em poucos dias o efeito que a grande mídia não tinha conseguido com semanas e semanas de exposição permanente de "sigilogates" e "erenicegates": a transferência de intenções de voto de Dilma para Marina por parte de uma pequena mas decisiva parcela de eleitores (não mais que 3 a 5%), mais facilmente impressionáveis e manipuláveis, especialmente entre pessoas humildes e/ou mais ciosas de dogmas religiosos. Assim, atingiu-se Dilma em seu capital mais precioso: a classe mais amplamente beneficiada pelos programas sociais do Governo.
Foi o bastante para concretizar a "onda verde" na qual Serra surfou rumo ao segundo turno. E animado com a surpreendente eficácia da guerra suja, ele já planeja os novos passos para chegar lá: flerta com o PV e Marina (Serra ressalta elementos para aproximação com Marina Silva, no Terra), claro, sem abrir mão do jogo sujo, que funcionou e por isso vai jorrar abundante nesta três ou quatros semanas que restam até o segundo turno. Afinal, quando se vende a alma ao diabo, manda-se "às favas os escrúpulos de consciência", como dizia um célebre adesista ao arbítrio dos anos de chumbo.
Cabe aos setores mais esclarecidos da sociedade e aos movimentos sociais barrar o avanço da canalhice política, amparada pela grande imprensa golpista, ansiosa para enquadrar Lula, o PT e os movimentos populares em "seu devido lugar" de submissão às elites sociais e econômicas.
Do alto de seus quase 20 milhões de votos, em boa parte atirados em seu colo pela baixaria eleitoreira, cabe a Marina o papel de fiel da balança. Resta saber se ela terá a grandeza de apoiar a continuidade do projeto que vem transformando a realidade econômica e social do País ou se se apequenerá e cerrará fileiras com o projeto antipovo e antinação demo-tucano. Ou, pior ainda, se tal qual um Pilatos verde e contemporâneo, lavará as mãos, pensando com isso estar preservando suas aspirações por uma "nova política". Se assim for, esta "nova política" e esta "nova força" já nascem caindo de podres.
Entretanto, como otimista inveterado, acredito que o povo e os mais diversos segmentos, inclusive nas classes empresariais, que têm percebido a eficácia das medidas transformadoras em curso saberão preservar as conquistas já alcançadas e levar o Brasil a avanços ainda maiores, rumo a uma sociedade mais justa, menos desigual e mais solidária.
Viva o Brasil! Vamos fortalecer a luta até a vitória em 31 de outubro!
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