Esta matéria foi publicada no Diário de Pernambuco, em 19/4/2009:
Para a turma de amigos da escola de Roberta*, 15 anos, "só para menores" foi uma palavra secreta para drogas, bebidas e sexo sem limites no feriadão passado.
Ao dizer a "senha", eles foram incluídos numa lista de convidados de uma festa no Litoral Norte, longe da vigilância dos pais. "O que o pessoal quer é tirar onda. Nesses encontros rola de tudo", conta a menina do bairro de Afogados que garante não ter participado. Segundo ela, para despistar os pais, os jovens têm até um esquema certo. "Como eles sempre querem falar com o adulto responsável pela casa, alguém pede para que um amigo mais velho se passe por essa pessoa ao telefone", explica.
O professor Jairo* conta que ficou surpreso ao participar de uma festa com os alunos que tinham até 17 anos, numa cobertura em Boa Viagem. Ele só descobriu o objetivo do encontro quando a anfitriã pediu para que ele tentasse levar a mãe dela embora, para que os adolescentes ficassem "mais à vontade". Já eram quase 22h e a festa tinha começado à tarde. "Fiquei surpreso com o pedido. Depois, outro aluno me pediu discretamente que eu fosse embora, porque queriam apagar as luzes. Eu não fui. No dia seguinte, perguntei o que iria acontecer e ele me relatou: 'a gente ia apagar todas as luzes e todo mundo ia pegar todo mundo. Ninguém podia acender nem a luz do celular'", lembrou.
Segundo o coordenador do programa estadual DST/Aids, François Figueirôa, o risco é de que, em meio à adrenalina desses encontros, os meninos deixem de usar camisinha. Ele ressalta que o número de casos de aids entre adolescentes de 10 a 19 anos é pequeno, chegando a 199 pessoas infectadas de 1984 a 2008. Mas alertou para o crescimento da sífilis e do HPV nesta faixa etária, em números não contabilizados pela secretaria. "Sabemos, no entanto, que o número de sífilis é muito maior que o de aids", garantiu, mesmo sem dados oficiais.
A psicóloga Amparo Caridade acrescentou que o sexo está ficando desvalorizado em termos de vínculos e qualidade, diante de tanta divulgação na mídia. "Os adolescentes são expostos à excitação durante 24 horas. A sexualidade virou um objeto de consumo. Depois que se consome, deixa pra lá. Ficar é exatamente não ficar. E a pior parte disso é a perda imensa de contato real com o outro. Os pais, nesse contexto, não sabem mais lidar com os filhos", declara.
Ver mais em: Geração web constrói seu código sexual
Para a turma de amigos da escola de Roberta*, 15 anos, "só para menores" foi uma palavra secreta para drogas, bebidas e sexo sem limites no feriadão passado.
Ao dizer a "senha", eles foram incluídos numa lista de convidados de uma festa no Litoral Norte, longe da vigilância dos pais. "O que o pessoal quer é tirar onda. Nesses encontros rola de tudo", conta a menina do bairro de Afogados que garante não ter participado. Segundo ela, para despistar os pais, os jovens têm até um esquema certo. "Como eles sempre querem falar com o adulto responsável pela casa, alguém pede para que um amigo mais velho se passe por essa pessoa ao telefone", explica.
O professor Jairo* conta que ficou surpreso ao participar de uma festa com os alunos que tinham até 17 anos, numa cobertura em Boa Viagem. Ele só descobriu o objetivo do encontro quando a anfitriã pediu para que ele tentasse levar a mãe dela embora, para que os adolescentes ficassem "mais à vontade". Já eram quase 22h e a festa tinha começado à tarde. "Fiquei surpreso com o pedido. Depois, outro aluno me pediu discretamente que eu fosse embora, porque queriam apagar as luzes. Eu não fui. No dia seguinte, perguntei o que iria acontecer e ele me relatou: 'a gente ia apagar todas as luzes e todo mundo ia pegar todo mundo. Ninguém podia acender nem a luz do celular'", lembrou.
Segundo o coordenador do programa estadual DST/Aids, François Figueirôa, o risco é de que, em meio à adrenalina desses encontros, os meninos deixem de usar camisinha. Ele ressalta que o número de casos de aids entre adolescentes de 10 a 19 anos é pequeno, chegando a 199 pessoas infectadas de 1984 a 2008. Mas alertou para o crescimento da sífilis e do HPV nesta faixa etária, em números não contabilizados pela secretaria. "Sabemos, no entanto, que o número de sífilis é muito maior que o de aids", garantiu, mesmo sem dados oficiais.
A psicóloga Amparo Caridade acrescentou que o sexo está ficando desvalorizado em termos de vínculos e qualidade, diante de tanta divulgação na mídia. "Os adolescentes são expostos à excitação durante 24 horas. A sexualidade virou um objeto de consumo. Depois que se consome, deixa pra lá. Ficar é exatamente não ficar. E a pior parte disso é a perda imensa de contato real com o outro. Os pais, nesse contexto, não sabem mais lidar com os filhos", declara.
Ver mais em: Geração web constrói seu código sexual
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